Ainda que toda a tecnologia do mundo atual nos proporcione momentos de lazer antes inimagináveis, o prazer de ler um bom livro continua sendo uma experiência única e pessoal.
Lembro-me por exemplo da primeira vez que li “Os Maias”, do autor português Eça de Queirós. Estávamos nos anos 90, a internet dava os seus primeiros passos no Brasil e o uso de computadores pessoais ainda era quase uma tese de ficção científica.
Me apaixonei pela história, um romance que se passa na segunda metade do século XIX, em Portugal, envolvendo uma família da aristocracia. A primeira edição do livro data de 1888 e conta com várias reedições, em diversas línguas, desde então.
Hoje infelizmente, com as novas tecnologias, a maioria das pessoas deixou o prazer imaginativo de lado.
Aparecido Francisco
A TV IGUAL A NOSSA IMAGINAÇÃO
A cada página que lia, surgia uma curiosidade incontrolável de saber o que aconteceria na seguinte e à medida que avançava na história, em minha imaginação, ia construindo a imagem de cada personagem e os cenários. Roupas, ruas, interiores de casas e palácios iam se materializando em minha mente, em um prazeroso exercício criativo.
Anos depois, em 2001, a TV Globo exibiu uma série baseada na obra e, para minha surpresa, alguns dos cenários e personagens que eu imaginara estavam ali, reproduzidos exatamente como imaginei, sem nunca ter consultado o Google ou outras ferramentas digitais (recursos que na época não existiam ou não eram populares), resultado da mais pura magia da leitura.
Hoje infelizmente, com as novas tecnologias, a maioria das pessoas deixou o prazer imaginativo de lado. A frase “pesquisa no Google” virou a solução para todas as dúvidas e problemas e com isso os processos imaginativos, criativos e de aprofundamento de pesquisa, cada vez mais, deixam de ser usados.
Mas ainda há tempo de revertermos este quadro e bons livros para este exercício não faltam. Além de “Os Maias”, temos, “O senhor dos anéis”, “As crônicas do gelo”, “Operação cavalo de Tróia”, as obras de Monteiro Lobato, especialmente “O sítio do pica-pau amarelo”, só para citarmos alguns. Portanto, nunca é tarde para se aventurar e exercitar a imaginação. Boa leitura.
